Conjunto é formado por 50 alunos e ex-alunos de escola da periferia de Porto Alegre/RS
O som de cordas sendo afinadas se mistura ao ruído de conversa fiada e cadeiras arrastadas pela diminuta sala da Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Heitor Villa-Lobos, na Vila Mapa. À ordem de “flautas, em pé!”, 15 músicos se erguem. Outros 20, muito jovens, trocam os sorrisos por expressões compenetradas e a sala é inundada com a música de flautas, violinos, violoncelos, percussão, bateria e piano. É assim todas segundas e quintas-feiras, quando a Orquestra Villa-Lobos realiza seus ensaios. A pequena sala foi uma conquista obtida há 19 anos, quando o projeto era menor. Hoje, possui 50 músicos, entre alunos e ex-alunos da escola. Já não se apresenta como um projeto social, mas como “A Orquestra Villa-Lobos, vencedora do Prêmio Açorianos de melhor espetáculo de 2018”.
“A gente tem umas 15 premiações, mas esse Açorianos, nós vencemos na disputa normal. Foi a certeza de que a nossa dedicação e empenho realmente valem a pena, foi a consagração de um trabalho artístico”, diz a professora e regente Cecília Silveira, que criou o projeto 27 anos atrás.
Hoje, quarta-feira (4/12) à noite, às 20h, a Orquestra Villa-Lobos apresenta seu novo espetáculo de final de ano: Áfrika. Assim como Paz & Amor, vencedor do mais prestigioso prêmio da música gaúcha, o novo concerto é o ápice de meses de ensaios semanais do grupo, que trocará a salinha pelo amplo palco do Auditório Araújo Vianna. Lá, ganhará a companhia de corais com 50 crianças e 20 adultos, além de 10 bailarinos, totalizando mais de cem artistas envolvidos. Há ainda uma lista de convidados que inclui Anaadi, Zé Caradípia, Vocal 5, Álvaro Rosa Costa, Kanhanga e Lumi.
Ali no meio, estará Djenifer Rodrigues, de 13 anos, estreando na orquestra com sua flauta doce contralto – auge de uma carreira como flautista iniciada aos nove anos.
“A melhor coisa é poder sair tocando, mostrando o que eu sei fazer – diz ela, que dá conta de conciliar os ensaios da orquestra com duas aulas de flauta, uma de violino, ensaio com grupo de cordas e ainda praticar em casa. – Pretendo seguir até a idade da professora”, garante a menina, divertindo a mentora.
Outro orgulho de Cecília é Yago Lima, que começou a tocar percussão aos seis anos, entrou para a orquestra aos 10 e hoje, aos 24, estuda música na UFRGS e leciona o instrumento.
“Mudou minha vida”, diz Yago, que sempre teve o apoio de membros da família ligados a uma escola de samba.
O músico terá um papel essencial no concerto de hoje, marcado pela percussão. Afinal o repertório é uma homenagem à África.
É um programa bem dançante, para a alegria do flautista João Lucas Santos, 20 anos:
“Se você ver um altão dançando lá no show, sou eu”.
Os jovens escolheram o tema sem hesitação, ainda que não tivessem familiaridade com o programa, que inclui canções tradicionais da África do Sul e do Congo e composições do nigeriano Fela Kuti e do camaronense Manu Dibango. A música popular brasileira, especialidade da Villa-Lobos, também está no repertório, com Semba dos Ancestrais (Martinho da Vila e Rosinha Valença), Berimbau (Baden Powell e Vinícius de Moraes) e Mãe África (Paulo César Pinheiro e Sivuca), entre outras. A última será cantada por Anaadi, vencedora de um Grammy Latino em 2018:
“A gente está celebrando a herança afro que é a essência da cultura brasileira. Como cantora afrobrasileira, estou com muito orgulho”, fala Anaadi.
Serviço: Áfrika com Orquestra Villa-Lobos Dia: Hoje, Quarta-feira (4/12) Hora: às 20h Local: Auditório Araújo Vianna (Av. Osvaldo Aranha, 685, Parque Farroupilha, Porto Alegre/RS) Ingressos a R$ 40, no local, das 9h às 20h, e pelo site sympla.com.br. Como ajudar: para fazer doações à orquestra, entre em contato pelo WhatsApp (51) 999548897. A Orquestra Villa-Lobos é uma das ONGs selecionadas pela Fundação Maurício Sirotsky Sobrinho (FMSS) para benefício do ingresso solidário do Planeta Atlântida 2020, categoria especial que conta com 40% de desconto no valor das entradas para os setores Arena, Camarote e Planeta Premium, tanto no bilhete individual quanto no passaporte para os dias 31 de janeiro e 1º de fevereiro na Saba, na Praia de Atlântida. Mais informações em planetaatlantida.com.br.
Fonte: Gaúcha ZN