Filarmônica de Minas Gerais emociona público na Savassi, em Belo Horizonte/MG

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A Praça da Savassi, em Belo Horizonte/MG tão acostumada ao som de buzinas, breques de veículos e ao murmúrio que, em escala de multidão que por ela passa todos os dias se transforma numa verdadeira sinfonia de vozes, se abriu ontem a outros ritmos. Mandou o silêncio, quebrado pelas notas de violinos, violoncelos, trompetes e outros instrumentos prontos a entoar Mozart, Beethoven, Strauss.

A Filarmônica de Minas Gerais, acostumada a se apresentar em praças e parques, brindou um dos locais mais charmosos de Belo Horizonte com uma apresentação inédita. Nesse primeiro encontro da orquestra com a Savassi, o público se deliciou com uma música que tinha ares de proximidade, aquela que se ouve no cinema, num repertório instalado na memória de cada um, levado pelo embalo da marcha e da valsa, em composições inspiradas em histórias reais ou imaginárias.

Pelo menos 4 mil pessoas assistiram ao concerto, num corredor cultural que se formou na confluência das ruas Antônio de Albuquerque e Paraíba e avenidas Getúlio Vargas e Cristóvão Colombo, subindo em direção à Praça da Liberdade até a altura da Rua Tomé de Souza. O presidente do Instituto Cultural Filarmônica, Diomar Silveira, lembrou símbolos da região, como a Padaria Savassi, que deu nome ao bairro, e o antigo Cine Patê. “Ao lado da orquestra de São Paulo, a Filarmônica de posiciona hoje como a segunda maior orquestra do país”, comemorou.

A orquestra marcou, neste local emblemático de BH, o fim da temporada 2019 de concertos em praças e parques da capital e região metropolitana, que se encerra antes do início do período chuvoso. Nesta temporada, a filarmônica passou por diversos espaços, como as praças da Liberdade e Floriano Peixoto, Parque Lagoa do Nado, a cidade de Nova Lima. “O coração de BH completa o rol de grande público”, disse o regente associado da Filarmônica, Marcos Arakaki.

O repertório, cuidadosamente escolhido, contou a história da música em vários períodos – barroco, clássico, romântico e o século 20 – e inclui composições brasileiras. A cada início de música, Arakaki explicava didaticamente ao público o período histórico, que compositores foram expoentes e os instrumentos de destaque. “Desta forma, quebramos a ideia de que a orquestra é séria e sisuda, atingindo um público maior”, disse. A orquestra abriu a apresentação com composição barroca do século 18, que ficou mundialmente conhecida em 1981: foi com ela que a princesa Diana entrou na igreja para se casar com o príncipe Charles.

Na sequência, Mozart, o principal expoente do período clássico, baseado no Iluminismo, que terminaria com a Revolução Francesa. Depois, a Abertura de Egmont, de Beethoven, contou a história do homem que lutou ao lado do povo flamenco para que pudessem fugir da opressão espanhola. O período romântico foi marcado pela abertura da opereta O poeta e o camponês, com seu solo de violoncelo acompanhado de arpa.

Numa pausa, Marcos Arakaki pediu licença para apresentar às pessoas que assistiam ao espetáculo de uma orquestra pela primeira vez as famílias de instrumentos e cada exemplar, mostrando as diferenças entre agudos e graves. O contrabaixista deu uma palhinha com um clássico: o tema de A pantera cor-de-rosa. Mesmo o maestro fazendo sinal de silêncio, parte do público não se conteve e acompanhou com palmas. Na apresentação da tuba, a plateia acompanhou Maracangalha, cantando a letra de Dorival Caymmi.

Chegando ao fim, a Filarmônica surpreendeu com música do compositor, arranjador, instrumentista e maestro pernambucano Mestre Duda, de 83 anos. Em Suíte nordestina, os músicos mostraram com seus instrumentos toda a força baião, seresta, maracatu e frevo ritmado e dançante. A última composição do repertório remontou a 1982, tema de E.T, do norte-americano John Williams, que escreveu a trilha sonora de vários filmes de Steven Spielberg.

E o público gostou tanto que ganhou três bis. Num ritmo bem brasileiro, arrancando aplausos do público de pé, assobios e fazendo todo mundo cantar. Nem o prefeito Alexandre Kalil resistiu. Assobiou bem alto, com dedos na boca, para também celebrar aquela alegria popular. Oh! Minas Gerais, e os mixes de baião, xaxado e outros ritmos de raiz do Nordeste, no Baião e Paraíba, de outro mestre, Luiz Gonzaga.

Fonte: Estado de Minas

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