O Teatro Ouro Verde, em Londrina/PR, recebeu um público bastante especial na manhã deste domingo. Pensado especialmente para os pequenos, o Concerto para Crianças com a Orquestra de Câmara “Solistas de Londrina”, regido pelo violinista e maestro Evgueni Ratchev, garantiu lotação máxima e contou também com a participação dos palhaços do Projeto Plantão Sorriso. A apresentação foi promovida pela VIII Mostra de Música de Câmara e contou com apoio do Grupo Folha de Comunicação.
As crianças deram um show não apenas na plateia, de onde acompanharam tudo atentamente, mas também do palco. Os solistas Amanda Fraga, no violão, Thiago Gonçalves, no piano e Manuela Midori Scheller Seki, na flauta doce, fizeram participações mais do que especiais.
Aos 10 anos, Gonçalves fez sua estreia no Ouro Verde e estava bastante feliz com a oportunidade. Convidado pelo maestro João Carlos Martins para tocarem juntos em São Paulo em junho, o pianista contou que a apresentação deste domingo serviria como um treino para a música. “Mozart é para crianças, não achei difícil”, conta ele, que garantiu não estar nervoso para a apresentação.
Também fazendo sua primeira apresentação no Ouro Verde, Fraga, 12, não teve vergonha em assumir o nervosismo. Filha do músico Natanael Fonseca, ela já conhecia as músicas e seu receio era apenas como as crianças da plateia iriam se comportar. “Não sei como vai ser tocar com um bebê chorando, mas acho legal tocar para crianças. Minhas amigas não tocam (instrumentos) e acham que é música velha, é legal elas verem como é”, afirmou.
Midori, 8, era a única entre os três que já havia subido ao mais importante palco londrinense antes, em uma apresentação com a orquestra barroca. Com apenas três dias para estudar a música que iria apresentar, ela disse estar nervosa e também feliz com a oportunidade.
Para o maestro Ratchev, o concerto foi sobretudo uma oportunidade para divulgar a música entre as crianças e despertar nos pais o interesse por esse aprendizado. “É algo que se faz no mundo todo, criamos a perspectiva para que um dia as crianças descubram a música como profissão. Elas ficam curiosas, a música desenvolve mentalmente os pequenos, eles criam uma responsabilidade muito grande. E aprender desde cedo é muito melhor, uma criança desenvolve muito melhor o estudo do que alguém que comece aos 20 anos”, afirmou.
Sobre seus pequenos colegas, o maestro se mostrou muito feliz com o nível musical de todos. “É diferente o trabalho a longo prazo. Ainda bem que temos talentos na cidade, que já podem tocar no palco e queremos mostrar isso.”
Corre corre
Donas da apresentação, as crianças participaram ativamente durante todo o espetáculo. Teve quem preferiu ficar escutando no colo dos pais e quem preferiu correr e brincar durante as músicas, quem ficou com ouvidos atentos e mãozinhas regendo a orquestra e até aqueles que acabaram cochilando ao som da boa música.
Devidamente acomodadas no colo dos pais Renata Maluf e Douglas Inoue, as gêmeas Lauren e Isabel, 2, assistiram tranquilamente a apresentação. “Elas já foram ao teatro, mas esta é a primeira vez em um concerto. Elas estão acostumadas pois em casa sempre ouvimos música”, contaram os pais.
Juliana Oya e Ivo Cardoso também aproveitaram a oportunidade para levarem as filhas Júlia, 6, e Luíza, 3. Estudante de piano, a mais velha gostou da apresentação e acompanhou atenta o pianista mirim. “Ela já se apresentou em audição, mas não eram tantas pessoas assim. É bom ela ver outras crianças tocando, fica algo palpável. É um incentivo para eles apreciem a música e queiram tocar”, afirmou Oya.
Cardoso disse que se surpreendeu com a lotação do teatro e acredita que espetáculos semelhantes deveriam ser promovidos com maior frequência. “Acho bom as pessoas se interessarem, as crianças verem que as músicas infantis podem ser executadas de outra forma e também aprenderem a ouvir a música clássica.”
Fonte: Folha de Londrina