Em 2012, o músico e professor Eliseu Barros era um dos integrantes da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais quando recebeu um convite que julgou irrecusável: ser o maestro da novíssima Orquestra de Câmara do Sesc, projeto que nascia com o objetivo de, por meio da música, contribuir para a formação e o desenvolvimento de crianças e adolescentes.
“Eu trabalho com projeto social desde o fim da década de 1990 e a proposta veio ao encontro da necessidade que eu tinha de trabalhar numa orquestra jovem e do que acredito muito, que é usar a música para privilegiar as classes menos favorecidas do ponto de vista social e econômico”, comenta o regente.
Desde então, em 10 anos de história, 120 alunos já se formaram pela orquestra, que celebra uma década de trajetória em um concerto nesta quarta-feira (20), no palco do Grande Teatro do Sesc Palladium (detalhes no fim da matéria). O repertório, que conta com 12 canções, ajuda a contar momentos importantes dessa trajetória.
“Asa Branca”, por exemplo, foi a primeira música que o grupo interpretou no début em uma apresentação aberta ao público três meses após o início do projeto; “Aquarela do Brasil” estava no setlist da estreia da Orquestra de Câmara Sesc no teatro do Sesc Palladium, em espetáculo que celebrava o primeiro ano de vida da companhia.
“Fui escolhendo o repertório assim, pela importância de determinadas músicas em determinados momentos da orquestra. Também teremos o ‘Bolero’, de Ravel, junto com ‘Smooth Criminal’, do Michael Jackson”, conta Eliseu Barros. Ao todo, são 12 temas, interpretados por uma formação só de cordas (violino, viola, violoncelo e contrabaixo acústico), conceito adotado desde os primeiros dias pelo regente.
O Coral Jovem e o Núcleo de Formação de Dança, ambos do Sesc, também participam do espetáculo. O Grupo Trampulim dividirá o palco com a aniversariante e ajudará a contar essa história com teatro e artes cênicas. Atualmente, a Orquestra de Câmara Sesc conta com 140 alunos matriculados – o projeto aceita a inclusão de jovens de 10 a 14 anos, e a permanência deles varia entre quatro e cinco anos.
Aliás, a palavra inclusão é uma das marcas do projeto nessa década. Quando subir ao palco na noite desta quarta e encarar a plateia, Eliseu Barros sabe que estará vivendo ali mais um capítulo emblemático da história da orquestra, que receberá alguns ex-alunos como convidados. De todos os jovens que passaram pelo projeto, a maioria acabou não trilhando a carreira artística, mas isso não faz a menor diferença quando estamos falando da música como elemento de socialização e transformação.
“Fico muito feliz em contribuir para a cidadania dessas pessoas, para a formação profissional seja em que área for. A maioria que entra na orquestra chega com histórias muito difíceis, então o papel transformador da orquestra me orgulha bastante”, afirma o maestro, que também é professor de violino na Escola de Música da Universidade Federal de Minas Gerais.
A divulgação e o resgate da música popular, especialmente a brasileira, passeando pela música pop internacional e, claro, a clássica, é outra característica que se faz presente com muita força: “A gente transita com muita intimidade por todos esses estilos”.
Grandes momentos da Orquestra de Câmara Sesc, por Eliseu Barros
“São muitos momentos, mas eu citaria nossa primeira apresentação no Grande Teatro do Sesc Palladium com participação do Célio Balona. Citaria também nossa primeira viagem para fora de Minas Gerais, para tocar na programação do Festival Internacional Sesc de Música, em Pelotas (RS). Foi um marco para os meninos, uma realização e um atestado de qualidade. Eu diria que a apresentação com o Tianastácia, no fim do ano passado, também foi muito marcante, assim como o concerto com o 14 Bis quando tocamos com Daniel Boaventura, Leila Pinheiro e Ellen Oléria no mesmo palco, em um evento voltado para o jazz.”
Programe-se
O espetáculo em comemoração aos 10 anos da Orquestra de Câmara Sesc acontece nesta quarta-feira (20), às 20h30, no Grande Teatro do Sesc Palladium. Os ingressos podem ser retirados de forma gratuita na bilheteria do teatro mediante doação de 2 kg de alimento não perecível ou adquiridos na plataforma Sympla a R$ 10, valor destinado ao Mesa Brasil Sesc.
Fonte: O Tempo
