Ópera Estúdio e Orquestra Sinfônica da Unicamp encenam ‘As Bodas de Fígaro’

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A Orquestra Sinfônica da Unicamp (OSU) e o grupo Ópera Estúdio apresentam, entre os dias 27 e 29 de outubro, a ópera “As Bodas de Fígaro”, de Wolfgang Amadeus Mozart. O espetáculo será apresentado no Galpão Multiuso do Sesc Campinas. Na quinta e na sexta-feira (27 e 28), a apresentação começa às 19h30. No sábado, às 16h30. A entrada é gratuita e os ingressos devem ser retirados na Central de Atendimento do Sesc com duas horas de antecedência.

A montagem conta com a direção geral de Angelo Fernandes, professor do Instituto de Artes (IA), coordenador do Centro de Integração, Documentação e Difusão Cultural (Ciddic) e maestro do Coro Contemporâneo de Campinas, grupo que desenvolve o projeto Ópera Estúdio. Os espetáculos foram idealizados como parte do processo de formação dos estudantes de graduação e pós-graduação em Música.

“Todo semestre penso em um título e, para isso, utilizo alguns critérios. Primeiro, uma obra em que os alunos caibam na demanda de personagens. Também é preciso escolher uma ópera que seja compatível com a faixa etária deles”, conta Fernandes, que revela sua predileção pelas obras de Mozart. “‘As Bodas de Fígaro’ é uma de minhas grandes paixões, senão a ópera de que mais gosto. Em geral, o repertório de Mozart é mais adequado para a idade e o perfil vocal dos estudantes.” Inicialmente, a apresentação da peça estava programada para 2020, mas o projeto foi adiado por conta da pandemia de covid-19.

Construção compartilhada

O processo de montagem começa no início do ano. Antes mesmo de os estudantes retornarem das férias, os papéis já são distribuídos para que eles retomem as aulas prontos para iniciar os ensaios. Da montagem de “As Bodas de Fígaro”, participam 19 estudantes, dos quais 9 são personagens da ópera e 10, integrantes do coro.

“Mais difícil que montar uma ópera é montá-la de forma pedagógica. Não é apenas montar um espetáculo, é oferecer um instrumento que tenha sentido pedagógico, cênico e vocal”, explica Felipe Venâncio, diretor cênico do espetáculo. Segundo ele, a preocupação formativa torna a montagem uma cocriação orientada. “Tudo é explicado aos estudantes. Todos os processos, as escolhas de cenas, de cenários, de figurinos. Não apresentamos apenas um projeto estético pronto, mas explicamos o porquê desse projeto, quais as linhas de pensamento utilizadas para chegarmos ao espetáculo, para que eles também possam construir isso no futuro.”

O envolvimento da OSU no processo de construção da ópera também é um fator importante de aprendizagem para os estudantes e para os instrumentistas da orquestra. Para a maestrina Cinthia Alireti, diretora musical do espetáculo, a parceria entre os diretores é decisiva. “A orquestra entra na fase final da montagem, mas preciso conhecer todo o processo anterior. Eu não posso decidir como será a parte musical sem conhecer o trabalho pedagógico vocal e a construção cênica.”

Clássica, mas atual

Composta por Mozart entre 1785 e 1786, “As Bodas de Fígaro” é uma ópera-bufa, com elementos cômicos, composta por quatro atos. Ela estreou em Viena em 1786 e é inspirada nas peças teatrais de Pierre-Augustin Caron de Beaumarchais. O libreto tem a autoria de Lorenzo da Ponte. A história é uma continuação de “O Barbeiro de Sevilha”, de Gioachino Rossini. Se na primeira parte da trilogia de Beaumarchais, o Conde de Almaviva recebe a ajuda do barbeiro Fígaro para se casar com a jovem Rosina, em “As Bodas…”, ele é tomado pela loucura e passa a atrapalhar o casamento de Fígaro com a criada Susanna.

Apesar de ser uma das principais obras do período clássico, a ópera expressa sua atualidade ao fazer críticas à sociedade da época por meio de recursos implícitos na própria estrutura do espetáculo. Enquanto as peças de Beaumarchais continham críticas duras à nobreza e à Igreja, a ópera de Mozart inclui as ironias na própria construção dos personagens e na forma como eles interagem.

“Mozart não podia fazer uma crítica tão ferrenha porque dependia da aristocracia para se manter. Por isso, tudo é muito sutil, a música ajuda a desconstruir o status social dentro da ópera. A primeira ária do Fígaro, por exemplo, é um minueto, uma música que não seria dada a um empregado, mas a um aristocrata. Há também a amizade entre duas mulheres, elas fazem duetos, algo que não era comum”, detalha Cinthia.

A montagem feita pela OSU e pela Ópera Estúdio inova ao construir a obra com a estética de um futuro pós-apocalíptico. O recurso auxilia na transformação do galpão do Sesc em um teatro de ópera. “Nunca construímos uma ópera em um espaço alternativo. Por isso, alguns artifícios precisam ser pensados para fazer com que os atores ocupem todos os espaços”, comenta Venâncio.

“As Bodas de Fígaro” também é uma composição que vem ao encontro do perfil dos estudantes de Música da Unicamp e da OSU. Por se tratar de uma obra do período clássico, tem um grau de dificuldade menor do que óperas românticas, como as de Richard Wagner, que demandam interpretações mais complexas e exigem orquestras de maiores dimensões. Para Cinthia, executar obras clássicas é uma oportunidade de crescimento para a OSU. “A orquestra tem se tornado muito responsiva ao acompanhamento dos cantores, principalmente com esse repertório”, comenta a maestrina.

Ansioso para ver o resultado do extenso trabalho, Angelo Fernandes acredita que os alunos, os instrumentistas da OSU e os profissionais envolvidos na montagem do espetáculo saem dessa experiência prontos para desafios ainda maiores. “Além de ser uma ópera artisticamente e tecnicamente adequada aos estudantes, é também uma grande ferramenta de aprendizagem musical e cênica. Apesar de ser uma ópera bufa, cômica, mistura alguns elementos dramáticos. Para eles, explorar isso de maneira musical é muito interessante.”

Serviço:

As Bodas de Fígaro

27 e 28 de outubro, às 19h30. 29 de outubro, às 16h30.

Galpão Multiuso do Sesc – Rua Dom José I, 270/333, Bonfim, Campinas

Entrada gratuita – ingressos devem ser retirados com duas horas de antecedência.

Fonte: Unicamp2

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