Quanto mais redes sociais como o Instagram ganham força mais vale a readaptação de um ditado popular: “de fotógrafo e louco, todo mundo tem um pouco”. Para Alanna Fernandes isso é algo que começou a incomodar. Para ela, como artista e ser social que vive nas redes sociais bem como todo mundo, as pessoas estão vivenciando e lidando com a fotografia de forma muito rasa, rápida e descartável, fazendo com que esta arte deixe de significar memória, sentimento, deixe de ter valor como um dispositivo potente para fazer pensar e sentir.
“É por isso que as minhas fotografias exibem detalhes de instrumentos, pois foram construídas com a intenção de que as pessoas vejam e se deixem levar pela imaginação, pela criatividade, pelo invento, pela memória, pela associação, por um cheiro, sabor, momento, enfim qualquer aspecto que tenha sido marcante na sua vida, ou um aspecto novo que possa vir a surgir no momento da interação com a exposição”, afirmou a fotógrafa.
A exposição a que ela se refere é “Cadência em Essência Fotografias”, que abriu ontem na galeria Ido Finotti, no Centro Administrativo de Uberlândia, onde fica em cartaz até 21 de agosto.
Alanna acredita que a fotografia como arte deve ser restaurada após tornar-se, em sua visão, algo meramente comercial, voltado para ostentação pessoal, exaltação de bens e, acima de tudo, experiências que segregam. “Por isso digo que a exposição é importante, pois resgatará a fotografia como arte, como potência para o estímulo do pensamento e do sentimento, como experiência estética transformadora da individualidade e da sociedade como um todo”, comentou.
Neste momento ela optou por trabalhar junto à Banda Municipal de Uberlândia. “A música, principalmente a música clássica, não tem tanta visibilidade no modo de vida contemporâneo, em que as músicas têm um caráter mais imediatista, que visam gerar menos reflexão e consequente transformação. Essas imagens têm a potência de resgate do interesse pelos instrumentos que criam e recriam a música clássica e tradicional com poder da experiência estética enquanto mobilizadora de desnaturalizações do cotidiano e, portanto, de modos de vida individuais e coletivos atualmente enrijecidos”, explicou.
Molduras
Ao unir as duas formas de arte, fotografia e música, através das fotos que capturam o instrumento que media a música pode proporcionar uma experiência estética potente. Outro ponto de destaque é que as molduras das fotos são projetadas por Flávia Ortiz – graduada em Design de Interiores e Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) – numa proposta de visitar Ferros Velhos de Uberlândia e ressignificar e reutilizar os materiais a fim de criar molduras que dialoguem com as fotografias.
Para Alanna, essa proposta valoriza os pequenos comerciantes (donos de ferros velhos), exalta o trabalho do designer de interiores como artista reforçando mais uma vez a importância da interseccionalidade entre os gêneros artístico.
Graduada em Relações Internacionais pela UFU, Alanna Fernandes, natural de Araguari, vive em Uberlândia desde 2012, quando veio para estudar. É também é autora do livro de poesia “Incômodo Cotidiano” (Ed. Subsolo).
Serviço: O que: Exposição “Cadência em Essência Fotografias” Quem: Alanna Fernandes Onde: Galeria Ido Finotti (Centro Administrativo) Visitação: até 21 de agosto, de segunda a sexta-feira das 12h às 18h Entrada Franca Informações: 3214-3266 Fonte: Diário de Uberlândia