O maestro Waldemar Ernesto Hetzel foi uma referência de musicalidade erudita que ensinou e embalou gerações de potiguares no século passado. Uma fração de sua vida e obra está no documentário “O pianista: gaúcho papa jerimum”, lançado esta semana no canal do projeto ‘O Maestro e a Estrela’, no Youtube. O filme traz depoimentos do próprio Waldemar, falecido em 2015, aos 91 anos, e de músicos, ex-alunos, amigos, fãs, e familiares que conviveram com sua personalidade intimista.
O filme surgiu de forma despretensiosa, entre trechos de depoimentos gravados na casa de Waldemar pelo produtor Gianni Allan, a partir de 2007. Essas falas, obtidas como bate-papos espontâneos entre o pianista e a roteirista Camila Loureiro – amiga da família Hetzel e companheira de Gianni – serviram de basepara o que se tornaria o documentário.
“O pianista” traz depoimentos de Joca Costa, Eduardo Taufic, Paulo Sarkis, Valtinho do Acordeon, Paulo Tito, Damião do Bandolim, e Manoca Barreto, do jornalista Woden Madruga, e também relatos dos filhos Isa, Sandra, Carlos (in memorian), e da neta Bruna Hetzel, cantora de grande atuação na nova cena musical potiguar. “Meu avô foi muito importante para a música em Natal, um astro local no tempo dos bailes e orquestras. É muito bom poder lembrar de seu legado hoje em dia”, diz Bruna à Tribuna do Norte.
Foi durante as gravações do futuro filme que, em 2010, nasceu a ideia do espetáculo “O Maestro e a Estrela”, o encontro de Waldemar Ernesto com Glorinha Oliveira no palco do Teatro Alberto Maranhão. Uma noite histórica que lotou o TAM e marcou a despedida do pianista dos palcos. A partir desta quinta-feira (15), esse material raro e inédito também estará disponível no Youtube do projeto. A edição de imagens é de Paulo Lima.
Bruna Hetzel ressalta o privilégio extra para ela, que é da família, poder ver um filme sobre seu avô. “É engraçado, pois Waldemar era totalmente avesso a aparecer. Não dava entrevista, não tirava foto, recusava convites para falar em televisão, rádio, etc. Ele era recluso com a mídia, mas gostava de conversar. Por isso agradeço a sensibilidade de Gianni e Camila que souberam conversar com ele e registrar suas falas como um bate-papo descontraído”, diz.
Waldemar nasceu em Cruz Alta, no Rio Grande do Sul. Começou sua carreira por lá, até receber um convite para reger a orquestra da Rádio Poti, em Natal. Aceitou a proposta, e em 1951 – já com a esposa a tiracolo – trocou o Sul pelo Nordeste.
Waldemar chegou a morar em outras cidades, como Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília, mas sempre acabava voltando para Natal. Toda sua família nasceu no município.
Foi professor de harmonia e piano popular, e regeu grandes orquestras como a do América. (por Tádzio França)
Fonte: Tribuna do Norte