Orquestra sinfônica traz gênero erudito para Venda Nova, distrito de Belo Horizonte/MG

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Grupo reúne 28 artistas, a maioria jovens e crianças, com interesse em tocar música erudita

Viver da música no Brasil é um desafio difícil de ser enfrentado. Historicamente, o poder público pouco apoia os pequenos artistas, aqueles que muitas vezes estudaram muito para produzir seus trabalhos, mas que, ainda assim, não são remunerados como deveriam. A situação se complica ainda mais quando o grupo de artistas está em uma região como Venda Nova, distrito de Belo Horizonte/MG, que sempre recebe menos recursos em geral, inclusive nos editais de fomento à arte.

Neste cenário, a Regional abriga, desde o início de 2019, a Orquestra Sinfônica de Venda Nova, que reúne artistas das imediações para produzir música erudita e apresentar tal gênero à população local.

A orquestra existe sob o comando do maestro Ricardo Luiz do Nascimento, de 37 anos, formado na Escola de Música da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Ele reúne duas vezes por semana, na Escola Municipal Pedro Guerra, no Bairro Mantiqueira, os 28 membros do grupo, que ensaiam as músicas do repertório. Hoje, a orquestra leva ao público faixas de diferentes gêneros, como o sertanejo e a MPB, os quais têm músicas adaptadas para o erudito.

“Dificilmente aqui em Venda Nova a gente vai conseguir tocar músicas de compositores como (Béla) Bartók (um dos mais influentes compositores húngaros da história), que as pessoas talvez nunca ouviram falar. Mas, elas já ouviram Chitãozinho e Xororó, Leandro e Leonardo e outros estilos. Então, a gente traz essas músicas que o público ouve no dia a dia, mas de uma maneira erudita. Tentamos trazer a nossa interpretação”, explica o maestro Ricardo Luiz do Nascimento.

De acordo com ele, a orquestra nasceu com o objetivo de apresentar a música clássica a Venda Nova. Ou seja, assegurar que a Regional também pode consumir esse gênero. Por isso, boa parte da orquestra se compõe a partir de músicos jovens e até mesmo crianças. Segundo o maestro, a escolha pelos mais novos não é por acaso, mas sim para apresentar a eles o gênero e criar a cultura da música clássica em Venda Nova.

“Quem chega primeiro no jovem, vence. Se o traficante chega primeiro, ele vai usar droga e será convencido que aquilo ali que é bom. A questão da música não é o estilo, mas sim o que ela tem a acrescentar pra ele (o jovem). A arte precisa ter um sentido e te ajudar a crescer de alguma maneira. O nosso objetivo é esse”, ressalta Ricardo.

Criada em janeiro deste ano, a orquestra já se apresentou em diversos eventos em Venda Nova. Em novembro, contribuiu com o repertório do Encontro Minas na MPB, realizado no Sesc da Regional, um dos parceiros do grupo. O evento teve a participação de músicos consagrados na música mineira, como Aline Calixto e Maurício Tizumba.

Recursos financeiros

Como o projeto ainda é novo, a Orquestra Sinfônica de Venda Nova se mantém, atualmente, por meio do voluntariado. Os componentes usam seus próprios instrumentos e não recebem qualquer incentivo para participar, justamente pelas dificuldades do grupo para levantar fundos.

De acordo com o maestro Ricardo, a virada neste sentido virá em 2020, quando a orquestra planeja elaborar projetos e protocolá-los junto ao poder público. Uma oportunidade, apesar de repartir apenas pouco mais de R$ 1 milhão, é o edital Descentra, da PBH. O programa nasceu justamente com o intuito de incentivar artistas que estão fora do perímetro da Avenida do Contorno e da Região Centro-Sul da capital mineira, historicamente mais beneficiados.

“Nós temos 300 anos em Venda Nova, mas tradição de orquestra nós não temos. Nem vou culpar tanto o (prefeito Alexandre) Kalil, mas entendo que há uma dúvida sobre como investir nesse setor. A gente tem que mostrar pra ele esse serviço. Quando a gente mostra uma coisa de qualidade, ela pode estar em qualquer lugar que será apoiada”, garante o maestro Ricardo.

Novos músicos

Quem quiser participar da Orquestra Sinfônica de Venda Nova terá uma oportunidade e tanto neste ano. O grupo vai abrir seletiva em breve para admitir novos músicos.

Segundo o maestro, a orquestra só recebe quem já tiver noção do instrumento que pretende tocar. Ou seja, não é uma escola de música, mas um grupo de artistas profissionais. O papel do coletivo é lapidar esse músico à realidade de uma orquestra e fazer com que ele se adapte.

Hoje, o trabalho deu tão certo que já há músicos da orquestra tocando no Palácio das Artes, principal palco da música clássica em Belo Horizonte.

Fonte: Jornal Norte Livre

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1 comentário

  1. Ricardo Luiz Do Nascimento em

    Muito obrigado pela divulgação de nosso trabalho.
    A muito acompanho este projeto, e fiquei muito feliz em ver minha orquestra sendo divulgada.

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